Preparação e aplicação dos elementos do convés e do leme

Vista alçada sobre um trabalho realizado pelo nosso aluno Nelson Anjos  e que  serve aqui de paradigma para os modelos de muleta em construção  no Núcleo Naval do Ecomuseu Municipal do Seixal.
Pormenores sobre a vante. Roda  de proa profundamente arqueada encimada  por uma estrutura  em forma de pirâmide triangular denominada gaifa. Há  alguma especulação acerca do sentido funcional das pontas  na roda de proa. Segundo alguns autores estes poderiam funcionar como arma defensiva/ofensiva. Tal ideia não parece  ter fundamento tendo em conta a iconografia, na qual, em vez de pontas aguçadas aparece  também uma peça em ferro com a configuração de uma rosa. O gancho abaixo do pé da gaifa serve para fixar o estai do mastro. Os cabeços lateriais acima da cinta superior dão apoio à fixação do botaló de vante quando a muleta trabalho ao arrasto. Duas chumaceiras com toletes para remos em cada bordo. No interior, abaixo do alcatrate de bombordo, a mesa das malaguetas para as escotas das velas da varredoura de fora, toldo do meio e toldo de fora. Os cunhos dão amarração às escotas de várias velas.  Por ante a ré do cabeço lateral de bombordo, uma peça denominada lasca que  deveria reduzir a fricção dos cabos com chumbos e cortiças da rede. Na ré da gaifa vê-se o olhal onde será introduzido o pé da vara que aguenta os cabos de uma das velas de proa.
Pé do mastro quadrangular enfornando pelo convés através de um pranchão de reforço.  A moldura em torno do mastro reforça a fixação do mesmo e impede a entrada de água para o interior do rancho de proa. Escotilha de acesso  ao rancho de proa. Cunhos, mesas e malaguetas para amarração de cabos. A argola presa a um olhal no convés serve de fixação ao pé do botaló de vante.
Poço com duas escadas de serventia. Veja-se no interior do poço as cavernas com os braços a olhar para a popa.  Por detrás das escadas estão as portas de correr que dão acesso aos ranchos de proa e popa. Vê-se no exterior da embarcação, na alheta de estibordo, a almofada da espaduela e no interior os cunho para amarração dos chicotes dos gualdropes  do leme.
Roda da ré com cabeço para apoio do botaló de ré.
Leme com xarolo transversal . Manobra-se com a ajuda de uns cabos denominados gualdropes.
Mesas das malaguetas. Cunhos para amarração de escotas e alares das redes.
Cadernais de três e quatro gornes com roda interior. Vertedouro ou botedouro. Trata-se de uma escudela de madeira em forma de pá, com uma pega, usada para retirar a água que se depositava  no interior do barco, entre as cavernas.
Balde da medida. Era feito com pequenas tábuas pregadas entre si, sendo duas  mais compridas para a asa. Usava-se, entre outras coisas, para distribuir equitativamente os quinhões de peixe entre os camaradas. 
Remos de cágado e esparrelas. Este  género de remo é assim designado  devido ao nome que se dá à peça de madeira fixada ao corpo do remo e que tem um furo onde entra o tolete ou  ainda escalamão ou escalmão. A espadela ou esparrela servia para complementar a acção do leme na manobra. Fixa-se  na alheta contra um bloco de madeira moldado a preceito, denominada almofada da esparrela.
Regresso a uma perspectiva geral sobre o modelo. Um excelente trabalho construído com precisão e rigor museográfico.

CONTINUA BREVEMENTE